TERAPIAS PSICOMOTORAS NA ÁGUA

12:29:00

“O MILAGRE DA ÁGUA É TORNAR A SEPARAÇÃO OU DISTINÇÃO DEFICIENTE/ NÃO – DEFICIENTE MENOS NÍTIDA E/OU IMPERCEPTÍVEL, POIS TODOS NÓS SOMOS IGUAIS NA ÁGUA”.



Sendo a água um elemento altamente prazeroso, passamos a utilizá-la como estratégia na aplicação de Psicomotricidade nos processos reeducadores e terapêuticos. O objetivo das terapias psicomotoras na água é restabelecer o equilíbrio psíquico e corporal daqueles portadores de dificuldades e/ou comprometimentos mentais, motores, funcionais e sensoriais, com desajustes psíquico-emocionais decorrentes dos mesmos. No ambiente aquático aquele que vive a dependência passa a experimentar o prazer da autonomia em seus movimentos.
O trabalho é realizado através de sessões individuais, de 30 minutos, numa piscina adequada e com temperatura de água de 33° a 34°C, com profissional psicomotricista especializado.
Partindo do princípio que a Psicomotricidade é a ciência que estuda o homem através do seu corpo em movimento, no seu ecossistema, trabalhar com essa ciência na água, além de prazeroso, é altamente facilitador, pois a densidade e o peso específico da água possibilitam uma grande redução do peso corporal sobre as articulações, fazendo com que a flutuação vença e ação da gravidade. As regras para um programa de trabalho terapêutico psicomotor na água devem ser feitas sem sofisticação, mas utilizando-se de conhecimentos científicos e se valendo de técnicas e metodologias adequadas a cada caso. O processo deve ser acompanhado, paralelamente, por uma equipe multi e interdisciplinar, com planejamento específico, pois cada um exige aplicações em diferentes níveis de intensidade.
Os movimentos globais ou segmentares, mesmo sem muita força e amplitude, estimulam a propriocepção, contribuindo para a estruturação do esquema corporal. O comportamento aquático dependerá da integração de dados que o cérebro organizar e o corpo experimentar. A todo instante o corpo recebe informações táteis visuais, auditivas e cinestésicas que, enviadas ao cérebro, modificam sua posição e movimentação. Todas elas passam pelo tráfego neurológico, dando respostas corporais adequadas ou inadequadas, dependendo da organização cerebral. São inúmeras as vantagens desse trabalho psicomotor: alívio da dor; redução de espasmos e melhor controle do tônus muscular, desenvolvendo a propriocepção; aquecimento por igual, de numerosas articulações; relaxamento; certa liberdade a maior amplitude de movimentos; melhoria e manutenção da força muscular antes de cirurgias; compensação da debilidade cardiovascular, respiratória e músculo-postural e o reforço da autoestima, proporcionando alegria, prazer e certa autonomia motora, consequentemente melhor ajustamento emocional.
    Os efeitos psicológicos são visíveis. O portador de dificuldades especiais passa a ter: uma melhor imagem corporal, desenvolvendo sua independência funcional; melhor condição física, levando á sensação de bem-estar; mais autodisciplina e oportunidade de auto-expressão e criatividade. Os resultados poderão surgir rapidamente ou a longo prazo dependendo do nível de comprometimento. Para que esse trabalho seja desenvolvido com seriedade, além do conhecimento técnico e cientifico do psicomotricidade especialista em água, é necessário alguns pré-requisitos na estrutura física, em relação às instalações e ao acesso à piscina e vestiários.
    Quanto aos materiais fica a critério de cada profissional, pois não há necessidade de equipamentos (os deficientes geralmente são sobrecarregados desse tipo de ajuda), somente de alguns acessórios para melhor postura e conforme do próprio paciente.
    Por ser um trabalho individualizado, isto é, sessões com um só paciente, obedecendo a um programa específico para o seu tipo de comprometimento, é uma terapia mais cara que as demais, pois utiliza uma estrutura exclusiva para o seu atendimento (aquecimento e tratamento especial da água).
    O profissional psicomotricista que atua com o processo terapêutico na água deverá constantemente respeitar as dificuldades de cada paciente, pois só poderá restituir a autonomia necessária se souber do patamar que tal pessoa poderá atingir na execução dos exercícios. O importante é que ele proporcione ao deficiente a possibilidade de tornar-se ciente de sua eficiência, sentindo-se o menos diferenciado possível em relação ao seu grupo social a às suas atividades de vida diária, afinal todos nascemos para sermos felizes e reconhecidos em nossa sociedade, como seres humanos que somos com direitos e deveres.
    “Só a luta dá sentido a vida. O triunfo ou a derrota estão nas mãos dos deuses.
Festejemos a luta!”.


 Associação Brasileira de Paralisia Cerebral/ Dezembro 1994
Cacilda Gonçalves Velasco

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