PSICOMOTRICIDADE POR QUE NÃO?

12:43:00



Psicomotricidade é um ciência que já completou meio século de existência. Ela não é típica de determinadas atividades mas sim de tudo que envolva o ser humano. É nele que se fundamenta.
A partir do momento em que se está vivo, que existimos, somos um “Ser psicomotor” .
Ela participa do nosso dia-a-dia, nas diferentes atividades,  e como os diversos tipos de pessoas: com o professor, o médico, o pedreiro;  agindo com crianças ou não. O importante é saber que ela é uma ciência não só clinica c/ou terapêutica, mas também e principalmente preventiva. A sua aplicação é o individuo e o seu objeto de trabalho é o “corpo”.
Nos países de primeiro mundo, a Psicomotricidade está sendo utilizada, atualmente, e com muita eficiência, na área de Recursos Humanos. Lá a consciência é atual não é que o executivo, ou outro trabalhador qualquer, seja, simplesmente, produtivo; mas que ele tenha uma relação afetiva e prazerosa com a função que desempenha. Ele deve ter  uma consciência corporal do prazer da realização,  assim a produtividade será maios e o relacionamento com os elementos do seu grupo de trabalho seja “gostoso”, quebrando aquelas estruturas metodológicas prontas. Essa “otimização” faz o indivíduos descobrir o seu potencial e passar utilizá-lo de diferentes maneiras. Por exemplo: um operário, responsável por determinada função numa indústria, realizando um trabalho rotineiro e “robotizador”, poderia ter oportunidade de descobrir outras potencialidades que também atendessem melhor suas necessidades individuais.
Com o trabalho preventivo realizado em alguns países, até o índice de síndromes tem diminuído bastante. Há algumas delas que nem mais existem, são detectadas muito precocemente e tratadas adequadamente, ainda no útero.
Através do exame chamado “Ressonância Magnética” (já existente no Brasil) descobriu-se que podemos adquirir determinadas síndromes, sem ter-se nascido com ela, em virtude do “meio” em que vivemos.
Não há de se negar que as carências nutricionais até os 3 anos, podem ocasionar lesões neurológicas até irreversíveis . Podemos não achar uma lesão, mas uma disfunção típica de um meio neurótico em que vivem.
Voltando a Psicomotricidade, podemos percebê-la até em pesquisas como a de um grupo de estudiosos japoneses, participantes de um Simpósio sobre Aids está a nível neurológico, na área emocional. A partir do momento que o individuo adquire o vírus, ele manifesta comandos cerebrais, onde começa a “perder” seu esquema corporal...
Há estudos na neuroquímica que ajudam os fatores emocionais que desorganizam o funcionamento de nosso corpo.
Aqui no Brasil, a Psicomotricidade está muito mais envolvida na área terapêutica do que na área preventiva. É necessário transferir os processos realizados na terapia para o lar, para a escola (em geral), para a empresa. No trabalho motor ou psicomotor deve haver sempre a interferência do “prazer”, além de todas as importantes técnicas.
Para conseguirmos entender Psicomotricidade necessitamos nos aprofundar na Gênese, Filogênese e Ontogênese do ser humano. Nascer é uma grande prova; daí a necessidade de haver uma preparação orgânica e psicológica para nascer; verificando-se a maneira como o ser humano foi evoluindo no decorrer dos tempos.
Em nossa motricidade passamos por todas as manifestações de vida animal do planeta: arrastar-se, o rastejar, o rolar o gatinhar, até a posição bípede para onde evoluímos. Vitor da Fonseca diz que no ano 3000 o homem terá mais polegares. A oposição do polegar é típico só do ser humano, nenhum animal tem essa habilidade. Como estamos muito envolvidos em atividades refinadas, essa evolução, segundo ele, provavelmente ocorrerá.
Isso é bem razoável se raciocinarmos sobre o por que possuímos pernas mais longas que braços – devido ao grande uso da bipedia ( o que não ocorreu com os nossos ancestrais antropológicos).
Enfim, Psicomotricidade pode ser chamada de “ciência do equilíbrio” ao pensarmos, que somos seres existentes num espaço. Tudo o que está ao nosso redor está altamente envolvido conosco. Quando estamos num espaço muito grande e não temos referencias perdemos as coordenadas corporais que nos dá o princípio básico do equilíbrio e, então, não nos situamos a andar em círculos, daí a explicação que o princípio da vida está no círculo: sempre retornamos ao que mais conhecemos.
Seria ideal se nossas “escolas” e nossos profissionais em geral, “descobrissem” essa ciência chamada Psicomotricidade e procurassem utilizá-la corretamente, explorando o rico universo onde ela pode ser empregada, assim poderíamos Ser e Viver melhor.
Cacilda Velasco
Revista Sprint/ Junho 1992

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