PSICOMOTRICIDADE CONTRIBUI PARA O DESENVOLVIMENTO PLENO DO SER HUMANO
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O termo Psicomotricidade não é conhecido pelo público em
geral, porém esta ciência, que foi reconhecida pela Organização Mundial de
Saúde em 1948, é muito importante na educação de qualquer pessoa porque
proporciona o equilíbrio entre o corpo e mente. Seus princípios pregam que o
prazer da realização deve ser valorizado no processo educativo.
Segundo Piaget, famoso pedagogo francês, a Psicomotricidade
é a ciência que trata da relação entre o homem, seu corpo, o meio físico e
sócio-cultural no qual o convive.
O objeto de trabalho da Psicomotricidade é o corpo humano.
Por seu intermédio, é possível explorar o potencial do corpo de forma plena e
harmoniosa, visando atingir o controle psicomotor, ao mesmo tempo em que se
estimula o desenvolvimento global do individuo.
A aplicação da Psicomotricidade é muito ampla: desde bebês
até idosos, com finalidades preventivas (formação) e/ou terapêuticas
(tratamento e reabilitação de diversas doenças ou deficientes físicas ou
mentais). Porém sua utilização é especialmente indicada na educação de
crianças, promovendo um desenvolvimento motor correto e um perfeito equilíbrio
corpo-intelecto-mente.
No caso de crianças com distúrbios orgânicos, neurológicos
ou emocionais, que não conseguem se expressar de forma correta, seja verbal ou
corporalmente, nem percebem o meio que as cerca com rapidez, essa ciência
contribui de modo significativo no tratamento.
“ Todo professor deveria conhecer a Psicomotricidade e utilizá-la em seu trabalho”, afirma Cacilda Velasco. “ Independentemente da sua especialidade, ele tem a obrigação de ser um profundo conhecedor do desenvolvimento infantil, identificar as diferentes etapas e evolutivas e entender as diversas formas de comportamento. Desta forma, esta ciência pode melhorar seu desempenho profissional”, completa.
Nos países desenvolvidos, a Psicomotricidade vem sendo
aplicada de modo eficiente, na área de Recursos Humanos, pois já se tem
consciência de o que trabalhador desempenha melhor sua função quando mantém uma
relação afetiva prazerosa com ela.
Outro exemplo é a aplicação aos esportes. Já é bastante
comum a utilização de técnicas psicomotoras no ensino de tênis. No Brasil, o
Goiânia Futebol Clube vem utilizando os princípios e técnicas da
Psicomotricidade através do método hidrocinético, com ótimos resultados.
PSICOMOTRICIDADE APLICADA A NATAÇÃO
A água é uma grande aliada na aplicação das técnicas
psicomotoras porque sua densidade facilita a execução de determinados
movimentos e fortalecimento muscular, além de aumentar a capacidade
cárdio-respiratória.
“Na natação, utilizar a Psicomotricidade é o que há de mais
adequado, uma vez que se trata de uma atividade essencialmente psicomotora, onde
os diferentes estilos respeitam as leis desta ciência”, explica Cacilda
Velasco.
A tônica principal do ensino da natação por meio de técnicas
psicomotoras é o prazer. Não há cobranças de resultados: eles acontecem
naturalmente. O método é adaptado às condições de cada pessoa, respeitando-se
suas potencialidades e limitações orgânico-funcionais – ao contrário de metodologia tradicional, que pressupõem a adaptação do individuo à técnica.
Estimulada pelos excelentes resultado obtidos com a
utilização da Psicomotricidade no ensino de natação, Cacilda Velasco, que é diretora
técnica da Associação Vem Ser, aprofundou-se nos estudos dessa ciência,
tornando-se uma das pioneiras, a nível nacional, a desenvolver um trabalho de
reabilitação psicomotora, a partir da Natação Adaptada – técnica destinada aos
portadores de diversas deficiências, incapacidades, lesões ou distúrbios.
A reabilitação psicomotora visa o desenvolvimento motor,
funcional, social e emocional, possibilitando uma vida mais adequada aos
diferenciados. Ao longo de sua existência, a psicomotricista pode comprovar que
a prática da Natação Adaptada permite melhoras significativas no quadro de
portadores de quaisquer tipo de deficiências. Os casos mais freqüentes são:
epilepsia, autismo, problemas musculoposturais e cardiorespiratórios, paralisia
cerebral, Síndrome de Down, cegueira, surdez, paraplegia e ausência de membros.
Nessa entidade, Cacilda acompanhou o progresso de diversos
alunos diferenciados, sendo que muitos dos quais superaram as suas expectativas.
Para eles, o sucesso na água e o senso de realização melhoram não só as
condições físicas, mas também a auto-estima, propiciando-lhes bem-estar,
auto-confiança e oportunidades para extravasar sua criatividade
e suas emoções.
Cacilda Velasco
Jornal NADAR BEBÊ/
Maio 1994
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